"Um homem, só chega a sua verdadeira altura, quando se baixa para beijar uma criança."
Fernando Pessoa
Excelentíssima Senhora:
Com os meus melhores e mais respeitosos cumprimentos e as minhas maiores saudações Olisiponenses, peço licença a Vossa Excelência para passar a expôr o seguinte:
Permita que passe a agradecer-lhe e a felicitá-la pela aplicação das suas qualidades artísticas aplicadas e a favor do ascenssor em referência.
Tenho 75 anos e mais 1/3º e já somos dois Lisboetas e por arrasto dois portuguesinhos de gêma.
Com algum orgulho e vaidade, é meu hábito dizer a amigos e conhecidos que, qualquer bêco, travessa, rua, avenida ou largo de Lisboa, é uma das divisões de minha casa, o que é o mesmo que dizer que conheço Lisboa como as palmas das minhas mãos.
Quanto à C.C.F.L., denominada agora apenas e só por "CARRIS", por ela, comecei a ser transportado de bébé, passando a partir do dia 1 de Março de 1947, meu primeiro meio dia de trabalho, a viajar sozinho e a ser portador de um título de transporte ao qual era dado o nome de "assinatura".
O mesmo dava acesso a utilizar todos os ascensores e quaisquer carreiras de eléctricos.
Para os autocarros, quando estes foram, por indicação do Dr. António de Oliveira Salazar, transferidos da Auto Mecânica de Portugal, para a Companhia Carris de Ferro de Lisboa, tiverram os seus utentes de adquirir, se o quisessem, uma outra ssinatura.
E só assim eu como muitíssimos outros utentes da C.C.F.L., tinhamos de utilizar duas assinaturas, como títulos de transporte.
Este título de trahsporte passou então a ser titulado por "PASSE SOCIAL" e de aquisição mensal, no reinado do então Coronel Vasco Gonçalves; Enquanto as anteriores assinaturas eram de aquisição mensal, trimestral, semanal e anual.
Foi um pouco mais tarde no reinado do Dr. Mario Soares que foram criados os passes combinados com diversas variantes aos quais foi dado o sub titulo de" combinados", L 1, L12, L123, o que passou a permitir a utilização de mais do que um tipo de transporte diariamente, em diversos percursos.
Chegou mesmo a estar previsto o L1234, mas no reinado seguinte, não houve vontade política para o aplicar.
Não era esta a minha verdadeira intensão ao dirigir-lhe este Mail.
Esta foi apenas uma informação/esclarecimento.
O que na realidade aqui me traz a escrever-lhe, foi o facto de hoje, depois do noticiário das 13 h, ter ouvido na Antena 1, a sua entrevista, sobre a atenção que Vossa Excelência, tem vindo a dedicar ao ascensor de St.ª Justa (...).
E se a Dr.ª Susana, como lisboeta gosta dos elevadores, como demonstrou pela sua entrevista, tomo a liberdade de lhe recomendar um livro, da autoria da Dr.ª Marina Tavares Dias.
O livro tem por título, "Lisboa a subir e a descer" e versa sobre os ascensores de Lisboa, quer os que ainda estão "VIVOS" e a mexer, quer dos que já não existem, mas cujos seus locais, ainda são possíveis identificar.
Sem outro assunto de momento, renovando os meus melhores e mais respeitosos cumprimentos e as minhas maiores saudações olisiponenses, sou com toda a consideração;
Atenciosamente.
Carlos A. C. Cordeiro.